sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ateísmo no Saia Justa


Após assistir ao programa Saia Justa, do canal por assinatura GNT, sobre a Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) e ver a explanação das apresentadoras fiquei um pouco triste.

(recomendo antes assistir, pelo menos, a 1a. parte do programa aqui )

É lamentável limitar a discussão do tema ateísmo apenas no campo do racionalismo e da moral. Lugar onde o homem coloca-se como o centro do universo e passa a julgar tudo e a todos. Os pápeis se invertem: a criatura julga-se criador numa nítida demonstração de seu estado adolescente de achar-se dono de sua própria vida. Como se o homem tivesse esse poder de criar a si próprio (Rsrs).

Gostaria, no entanto, de destacar algumas colocações, a meu ver, fruto de um sentimento e não de "psicorragismo", que elas fizeram:

"Deus não é um fruto da imaginação. É uma necessidade intrínseca da sociedade... Existe algo no universo que está para além da compreensão dos sentidos." Maitê Proença.

"Eu gosto da ideia do mistério. Eu não consigo ser uma ateia convicta." Márcia Tiburi.

A crença em Deus é como querer explicar o sabor que tem uma fruta para alguém que nunca a comeu. É impossível! A menos que haja uma experimentação. São nos desertos de nossas vidas, longe de qualquer sofismo e conjecturas formadas por nossa mente cartesiana, que podemos experimentar Aquele que está para além de qualquer compreensão. Fé não se explica ou dogmatiza-se. Simplesmente, se experimenta...

Outro ponto que quero chamar a atenção, é o fato das colocações sobre a Igreja limitar-se apenas à idade média: carregada de negações da presença divina e entronamento do homem e seu positivismo determinista. Há uma pertinência, entretanto, mais uma vez, fica claro a incapacidade que temos e, até um certo preconceito, de restringir a humanidade à experiência ocidental. Esquece-se de que o ocidente é fruto do oriente - que tem uma sabedoria milenar - de onde tem origem todas as religiões, principalmente a Cristã, que tem na Igreja Ortodoxa sua Fé integralmente preservada, sem acréscimos ou exclusões, da forma que foi transmida pelos Apóstolos. Só para um rápido exemplo, na dita era das trevas, no ocidente, o leste global vivia um momento de plena luz: na pintura, na música, na literatura... Constantinopla que o diga! Não devemos confundir secularismo com fé. Muito menos, gentilezas ou posturas politicamente corretas com religião.

Então amigos, respeito profundamente quem é ateu e repudio toda e qualquer discriminação em relação a quem assim se considera. O saudoso José Saramago já afirmava: "Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro." Espero que hoje ele O tenha encontrado.

Negar a Deus faz parte de um processo evolutivo. Que Ele tenha misericórdia de nós que vivemos praticando o mal que não queremos...

Quero concluir com o post do twitter de @FabiolaVeloso: "Eu creio no sol, muito embora ele N brilhe. Eu creio no amor, mesmo qd ele N é demonstrado. Eu creio em Deus, mesmo quando Ele não fala."